sábado, 28 de agosto de 2021

Defesa de doutorado de Gabriel Felipe Peñaloza Bojacá

    Hoje aconteceu a defesa de Doutorado de  Gabriel Felipe Peñaloza Bojacá com o título "Dendroceros Nees (Dendrocerotaceae, Anthocerotophyta): revisão sub-genérica, tolerância à dessecação e interação com Nostoc sp." orientado pela Profª. Drª. Adaíses Simone Maciel da Silva (UFMG). Participaram da Banca Dra. Denise Pinheiro da Costa (Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Ministério do Meio-Ambiente); Dra. Noris Salazar Allen (Smithsonian Tropical Research Institute); Dr. Alexandre Salino (UFMG) e Dra. Raquel Stauffer Viveros (UFMG).


RESUMO: Os filos Marchantiophyta (hepáticas), Bryophyta (musgos) e Anthocerotophyta (antóceros) compreendem o que comumente chamamos de briófitas. Este grupo de plantas apresenta cerca de 25.000 espécies descritas e corresponde ao segundo maior representante das plantas terrestres. As briófitas conservam características ancestrais que ajudaram no estabelecimento das primeiras plantas à vida terrestre, como a poiquiloidria e a tolerância à dessecação. Os antóceros são um grupo monofilético, com cinco famílias, 12 gêneros e 200 a 250 espécies no mundo; com hábitos terrícolas, saxícolas e epífitas. O gametófito dessas plantas, que é taloso, pode abrigar colônias de cianobácterias (Nostoc), gerando uma importante simbiose. Seu esporófito difere dos outros filos de briófitas por crescer a partir de um meristema basal, que desenvolve esporos com germinação exospórica na maioria deles. O gênero Dendroceros conta com uma alta diversidade, por ter cerca de 40 espécies, das quais 13 estão presentes no Neotrópico, presentes principalmente em regiões temperadas, subtemperadas e tropicais. Este gênero é o único exclusivamente epifítico, com esporos grandes, multicelulares e de germinação endospórica. Na última atualização da checklist mundial para antóceros e hepáticas, foram apresentadas as espécies de Dendroceros, onde mais de 60% das espécies evidenciavam grandes vazios de informação. Este fato torna-se ainda mais preocupante em nível de espécie. Há poucas coletas, determinações e nomes duvidosos, ou descrições confusas e/ou do Neotrópico, pois das espécies reportadas 80% precisam de uma revisão taxonômica e estudos de filogenia. Também faltam dados sobre a história natural, fisiologia e ecologia das espécies, deixando muito clara a urgência e a necessidade de estudos detalhados sobre Dendroceros no Neotrópico. Neste contexto, os principais objetivos deste projeto de tese foram: 1) Re circunscrever taxonômica e filogeneticamente os subgêneros de Dendroceros (Capítulo I); 2) Avaliar os efeitos da dessecação nos gametófitos e esporófitos de Dendroceros Nees, o único gênero com um nicho epifítico entre os Anthocerotophyta (Capítulo II); e 3) Investigar e descrever a influência de Nostoc sp. nas fases iniciais de desenvolvimento dos esporos de Dendroceros crispus (Capítulo III). Assim, no primeiro capítulo aqui apresentado, esclarecemos as principais dúvidas em nível de subgênero, e propomos uma nova circunscrição para Dendroceros com quatro subgêneros: subg. Apoceros (oito espécies), subg. Dendroceros (catorze espécies), subg. Nodulosus (cinco espécies) e o subg. Cichoraceus (monotípico). No segundo capítulo, descrevemos demandas conflitantes entre gametófitos e esporos dos antóceros em resposta à dessecação. Evidenciamos estratégias de vida contrastantes, que estão ligadas com o nicho nos gêneros Dendroceros, Nothoceros, Phaeoceros e Anthoceros. Finalmente, no terceiro capítulo, apresentamos os efeitos da cianobactéria Nostoc sp. sobre esporos e gametófitos juvenis de Dendroceros crispus e Nothoceros vincentianus. Os dados reunidos neste trabalho evidenciam a importância de continuar estudando os antóceros, e assim aumentar os esforços de conservação das áreas naturais que estes habitam, como as florestas nebulares na Colômbia e a Mata atlântica do Brasil. Ao mesmo tempo, este estudo foi relevante para preencher importantes lacunas (taxonômicas, ecológicas e geográficas) sobre o conhecimento dos Dendroceros no Neotrópico.

PALAVRAS CLAVES: Antóceros; Biodiversidade; Classificação; Ciclo de vida; Especificidade planta-cianobactéria; Esporos verdes; Florestas alto montanas; Fluorescência da clorofila; Germinação; Neotrópicos; Nicho; Simbioses; Taxas de crescimento; Taxonomia de briófitas; Tolerância à dessecação.



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